Outra

Dois ou três anos atrás, eu, Luciana, era extremamente expansiva no quesito "deixar sair" emoções, todas.

Sobre aquelas que falavam de amizade, a intensidade era quase sempre espetacular.

Ontem conversando com uma amiga que conheceu bem aquela Luciana, mas que por coisas da vida, a vida manteve por longo tempo distante, eu percebi que sou Outra Luciana.

Em 14 meses e após esses 14 meses me descobri menos intensa, não no sentir, mas sim no expor sentimentos. 

Me percebo menos crédula, menos aberta a permitir que outros adentrem no meu íntimo.

Nada disto foi planejado, sequer esperado por mim.

E devo dizer, sinto um certo pesar, ao constatar que mesmo com limites erigidos, com couraças vestidas, a lida com o outro surtiu esse efeito: o de me deixar menos visível quanto a sentires e pensares.

Não posso dizer que sinto saudade do que fui, pois por ser como fui, fui muito transparente e assim alvo fácil para quem desejava "dividir para conquistar"...

É coisa de tempo, que eu me acostume com esse novo EU, com essa Outra mulher que me fita no espelho.

Coisa de tempo me acostumar com essa Outra, que encara o papel, a tela em branco, e termina por nada escrever, ao pensar e pesar se vale ou valeu a pena, tanta coisa deixar sair.

Luciana