domingo, novembro 11, 2012

Exposição


Somos uma família de mente bem aberta, que dosa a realidade na medida certa do amadurecimento dos nossos filhos.
Nossa filha é mais introvertida, mais silenciosa, nosso filho é o mais novo dos dois, e expansivo, perspicaz.

Nesta semana ele, Andrés esteve perante duas situações que o fizeram hoje "conversar" sobre como as pessoas se "amam".

Num show em Brasília ao qual foi em companhia do pai viu moças se abraçando e beijando, soube eu que o fato foi mais 'profundo', meu esposo me contou que o casal se colocou duma forma muito excessiva quanto à caricias, mas que ele, meu esposo, ao notar que o tom do casal não era o dum namorico ao som do Jota Quest, logo impediu que Andrés fosse exposto a coisa íntimas que ali não se davam como íntimas. Afinal tudo tem seu tempo. E penso eu também seu espaço para ser, para ocorrer.

Nossa cria desde que começou a perceber ao mundo, sabe que seres humanos amam seres humanos independendo do gênero que cada um têm ou manifesta. Nunca foi problema que eles saibam que mulheres amam mulheres, homens amam homens e homens amam mulheres e mulheres amam homens. A questão é por quê expor um quase ato sexual às 4 PM em praça pública?

Ontem ele foi a uma festinha do 6º ano, da escola da irmã, festa da turma da irmã.
O amadurecimento emocional e sexual, como todos sabem não é uno, não ocorre com data marcada. Assim colegas da Alicia já demostram um interesse, uma curiosidade que até hoje não vimos nela, mas sabemos ela também terá. 
Numa brincadeira de 'verdade ou consequência', que Andrés desconhecia a existência, ele viu a consequência, dum menino beijar de selinho mais de uma menina, e me perguntou por quê ele beijava tanto e depois nem namorados eram... 
Alicia escutando o relato da brincadeira demostrou pouco interesse,[ ele contou que a irmã não quis  brincar o jogo], mas Andrés voltou da festinha com essa questão, do como alguém beija num mesmo momento mais de uma pessoa se 'nem gosta delas'.

Um relato têm a ver com o outro.
Os protagonistas são distintos, idades diferentes, cidades, gêneros, posturas, mas a 'moral' da história foi explicar a ele, que carinho, beijos, abraços são coisas positivas, normais entre pessoas que se querem bem ou no mínimo se curtem; que há o momento certo, o local apropriado para demostrar esse carinho, e principalmente que tudo é bom havendo respeito por si e pelo outro, e que não há mesmo a necessidade de expor nossa intimidade, nossa vida amorosa, nossos contatos físicos e suas peculiaridades a todos, expor ao público. 
Pois isso é algo que interessa apenas aos dois que se curtem, querem bem.

Banalizar o sexo, as manifestações de carinho íntimas, expondo nossa intimidade cedo ou tarde modificam a forma de ver e entender esses atos aos olhos de quem está crescendo.
E convenhamos: expor nossa vida a dois, nossos afetos mais privados, não é o termômetro do grau da intimidade ou da paixão e amor que há entre dois. 

Penso que o maior nível de intimidade, doação ao outro, comprometimento, mora em não TER que buscar a aprovação do público, do externo para nossa performace física, por nosso relacionamento, pela audácia em expor nossa sexualidade.

Espero de coração que ambos cresçam sabendo expressar amor, sabendo manifestar carinho e sabendo amar. Sabendo manter para si e para o outro o que é de ambos.

Luciana Onofre



2 comentários:

pensados e proferidos