domingo, setembro 02, 2012

Foices





Há coisas que você aprende em meio a pedaços ou destroços de si mesmo.
Como valorizar um dia, qualquer dia, apenas por estar de olhos abertos sabendo quem você é.

Coisas como repensar seus valores e os valorizados.

Restar peso a pequenas rixas que você mesmo alimentou, ou que seu silêncio ofereceu via expressa, caminho aberto.

Coisas como aceitar as pequenas mortes que todos os dias se dão no caminho, o dia que nunca mais será dia, a idade que deixou de ser uma outra, a imagem que não é a mais a mesma, as pessoas que entram e saem da sua vida.


Coisas como aceitar que aquela segurança que você tanto amarrou em si como sustento ou eixo, deixou de ser e lhe ensinou na marra a viver e estar bem mesmo que não tenha a mínima ideia de como será o amanhã, de onde virão certezas, quem estará ao seu lado ou não.


Essas coisas todas incertas para um taurino são complicadas, pela gana que temos em TER certezas, em saber cada coisa em seu lugar...


É um aprendizado de imersão na realidade nua e crua à força.
Ainda mais quando você após anos de sobe e desce, viveu mais de uma década de calmarias...

 
2012 não foi nem é um ano fácil, eu diria que é o mais complexo em 20 dos 42 anos meus.

 
Este ano poderia muito bem ser representado por uma foice ou machadinha, pois nele aconteceram muitos cortes, cisões, finais, enterros simbólicos de relacionamentos, de fé nos outros, de status quo, de formas antigas, de modos de ver ao tudo...

 
Mas não é das infinitas mortes que construímos a nós mesmos? É delas que nós fazemos.
Foi e é um ano de desapegar, de amizades que por 15 anos foram coisas certas, por outro lado as verdadeiras, elas se fortaleceram e disseram: mesmo que em tempos cruéis somos amizades.

 
Tudo se depura, se decanta, tudo alquimicamente vem a ser outras coisas, tomando formas que tal vez se em tempos estáveis jamais mostrariam suas faces mais concretas e reais.

 
Eu que sempre me ative ao certo, hoje vivencio cada mês sem certeza alguma quanto ao meu financeiro. Não trabalho mais de carteira assinada, é uma escolha por ora muito minha, quiçá não tão livre, mas é uma escolha.

 
E para um taurino não saber quanto será seu provento é incomodo.
Por outra parte, eu me dedico agora ao que me mostra a pessoa que de fato amo ser, uma tradutora.

 
Mas no campo da tradução você não pode calcular com certezas o seu financeiro, assim como pode ser um mês aonde você fature 7.000 reais pode ser um mês de parcos 500...

 
Não há mais planejados. Não posso planejar com antecedência viagens, passeios, nada.



Mas tenho a liberdade de trabalhar com o que sempre quis e no meu espaço.
'Há coisas que você aprende em meio a pedaços ou destroços de si mesmo.
Como valorizar um dia, qualquer dia, apenas por estar de olhos abertos sabendo quem você é'.


  Luciana Onofre

4 comentários:

  1. Aprender a mudar é questão de maturidade, nem sempre menos doloroso, mas por muitas, nos deixam mais sábias.

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  2. aprender a aprender sempre, somos inacabados eternos

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  3. Esses dias estava pensando nessa coisa das mudanças.. do incerto.. da aceitação do incerto, do 'não ser'.

    acabei encontrando um texto de um blog que trata sobre budismo contemplativo, que gostei bastante e de certa maneira liga-se a esses questionamentos.. vou deixar o link :)

    http://anoitan.wordpress.com/2012/07/12/tentar-ser-o-que-voce-e/

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  4. obrigada belo amigo pela dica e pela visita!

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pensados e proferidos